Sauna na Holanda...

A primeira vez que ouvi falar que a sauna aqui na Holanda (não só aqui, mas também em outros países da Europa como Alemanha), era assim, digamos, sem roupa nenhuma, não tinha acreditado. Cheguei a perguntar para algumas holandesas que conheci por aqui se era assim mesmo e o motivo... e elas me disseram: "Sim, é assim mesmo... o motivo? Não sei bem, mas acho que porque é mais higiénico. No seu país não é assim não?!"

Bom, logo no meu país que tem fama de usarem pouca roupa, carnaval, etc... Mas não, isso não é algo comum no meu país. Até porque, lá não faz tanto frio como aqui e provavelmente por isso as saunas não são comuns. E conhecendo bem o comportamento do brasileiro que, de um modo geral, leva tudo para o lado erótico/sexual... acho que isto não daria certo no Brasil. 

Aposto que muitos imaginam um lugar destes como algo pornográfico. É uma pena que algumas pessoas pensem assim, pois está bem longe disto. Aqui sauna não tem nada de erótico. É um lugar frequentado por homens e mulheres, jovens e velhos, casais, familia e grupos de amigos. Um local para relaxar.

Essa semana resolvemos que iríamos conhecer a sauna holandesa. Escolhemos o Zuiver SPA aqui em Amsterdam, que possui uma estrutura grande com piscina aberta e fechada, vários tipos de saunas, jacuzzis, etc. Fizemos a reserva para quarta-feira com um pacote incluindo entrada no SPA a partir das 17:00 e jantar. 

Na quarta-feira chegamos na recepção do Zuiver e pegamos nossas pulseirinhas. Perguntamos como seria a sequencia ideal para ser feita e a moça nos explicou e deu um papel com o resumo e um mapinha do SPA. A regra básica é: ducha antes e depois de qualquer sauna! Ficar de 6 a 15 minutos em uma sauna e após a sauna ficar um tempo na área externa e/ou tomar uma ducha gelada.

 

Fomos para o vestiário e aí já começou o primeiro momento de tensão e choque cultural: o vestiário é misto! Bom, abrimos o armário, tiramos a roupa, vestimos o roupão e guardamos as coisas. Nós levamos o nosso roupão de banho, toalhas e chinelos, mas é possível alugar isso tudo lá na hora mesmo. 

E aí então, vestidos apenas com nosso roupão e chinelos, descemos para a área do SPA. Ao descer, chegamos primeiro na área das duchas, que seria o primeiro passo antes de ir para a sauna ou piscina. E ali estavam pessoas nuas, tomando suas duchas sem qualquer pudor ou frescura. Antes de tomarmos nossa ducha, resolvemos dar uma volta para "se ambientar" melhor. 

Ah e claro, é proibido tirar foto no local. Os celulares devem ficar nos vestiários e deve-se manter um pouco de silêncio já que este é um local para relaxar. As fotos abaixo foram retiradas do site do ZuiverSPA.

 

Passamos pela área da piscina e jacuzzis e, naturalmente, mais pessoas nuas. Passados os 5 minutos iniciais de choque, fomos então tomar nossa ducha e nos preparar para a primeira sauna. Depois da sauna, outra ducha e um banho na piscina. Depois, uma volta pela área externa, na temperatura de 5 graus, para conhecer as outras saunas que ficam por lá. Quase congelei!

E ali na área externa está a sauna que é realizado o Löyly, um ritual feito em uma sauna grande, no qual águas aromáticas (aroma de frutas e ervas) são jogadas sobre pedras bem quentes e o vapor quente e aromático é distribuído com movimentos feitos com uma toalha sobre as pessoas. Difícil de explicar, mas na foto abaixo, retirada do site do ZuiverSPA, pode-se ter uma ideia. 

Eram aproximadamente 30 pessoas nesta sala e elas não estavam com a toalha assim como na foto, cobrindo o corpo. Estavam, naturalmente, nuas e sentadas sobre a toalha. Mas neste momento o choque já tinha passado e a nudez (nossa e dos outros) já tinha se tornado algo simplesmente natural. E a experiência desse ritual foi algo muito diferente. No início não estava tão quente, mas no fim já estava extremamente quente (aprox. 90 graus). Ao final, saímos todos da sala e ali fora já tinham copos de água e pedaços de laranja prontos para serem consumidos. O rapaz então explicou que deveríamos ficar um tempo ali para o corpo esfriar um pouco e depois ir para a ducha gelada. 

Quando me dei conta, estávamos ali naquela ducha/cascata gelada junto com outros homens e mulheres tentando entrar na água e morrendo de frio. Foi tudo muito natural e sem constrangimentos. Depois disso caminhamos um pouco na área externa, já nem parecia mais tão frio assim, e fomos para a área do restaurante (obrigatório o uso do roupão) para jantar. 

Enfim, a experiência de ficar tanto tempo assim nua na frente de tanta gente, foi algo mais natural do que eu poderia imaginar. Me questionei um pouco se todo o pudor que eu tinha/tenho faz sentido. Entendo quem não poderia nem imaginar estar em uma situação destas e também respeito quem cobre o corpo todo e usa burca.

Se eu vou voltar? Por que não?! 

Begijnhof - um pouco de silêncio e paz bem no centro de Amsterdam!

Este não é um local tão procurado entre os turistas, ao visitar Amsterdam. Realmente não fez parte do meu roteiro na primeira vez que vim a Amsterdam de férias... Na realidade, eu fui descobrir este local faz bem pouco tempo.

Em um belo dia de verão holandês eu estava em uma das ruas mais movimentadas do centro, esperando uma amiga holandesa para visitar o Amsterdam Museu... Quando ela chegou, perguntou se eu já conhecia o Begijnhof. Eu disse que não, e então ela me levou para conhecer este local, que estava logo ali do lado, com uma porta para entrar.

Incrível como, de repente, ao passar por aquela porta, todo o barulho e movimento de pessoas do centro sumiu. Era como entrar em um retiro ou um mosteiro... uma sensação de calma e paz.

Ao entrar vi uma praça linda, com um gramado verde e uma estátua, cercada pelas lindas casinhas holandesas.

 

O Begijnhof, traduzindo seria o Jardim das Beguinas (Beguinas eram mulheres leigas católicas que praticavam uma vida ascética em comum e dedicavam-se ao cuidado dos doentes e dos pobres, assim como às tarefas caritativas e piedosas, sem estar contudo vinculadas a regras de clausura nem a votos públicos).

Não está claro quando exatamente o Begijnhof foi fundado. Em 1346, um documento mencionou uma das casas (beghynhuys). O pátio foi mencionada pela primeira vez apenas em 1389. Originalmente, o Begijnhof foi totalmente cercado por água, com a única entrada localizada na Begijnensteeg.

Lá encontram-se algumas das casas mais antigas de Amsterdam, algumas construídas no começo do século XVI e uma delas - a número 34 - construída em 1528, é uma das duas únicas casas com a fachada de madeira que restaram em Amsterdam após o incêndio do século XV (a outra fica em Zeedijk).

Além das casas antigas e do jardim, existem também 2 igrejas dentro do Begijnhof. A Engelse Kerk (Igreja Inglesa) é uma igreja que foi Católica e, durante a Reforma, tornou-se Protestante. A outra igreja é a Capela Escondida (casas 29 e 30), utilizada pelas Beguinas durante a perseguição à Igreja Católica e que, p ara ser mantida em segredo, não possuía nenhuma fachada por fora e nada que indicasse ser uma igreja ali.

 

  

A última das Beguinas de Amsterdam morreu em 1971 mas até hoje moram apenas mulheres (solteiras ou viúvas), normalmente mais velhas, nestas casas. Portanto, é importante manter um pouco de silêncio e a voz baixa durante a visita. A visita ao Begijnhof pode ser feita a qualquer dia, das 09hs às 17s. 

Vale a pena conhecer este cantinho calmo e escondido, e com tanta história, em pleno centro de Amsterdam!

Celebrações de 04 e 05 de Maio.

Aqui na Holanda, todo dia 04 de Maio é celebrado o Dodenherdenking. Este é o dia para relembrar todos os civis e membros das forças armadas do Reino dos Países Baixos que morreram em guerras ou em missões de manutenção da paz desde a eclosão da II Guerra Mundial. É realizada uma cerimônia na Praça Dam, aqui em Amsterdam, com a presença da família Real, veteranos de guerra e políticos. Eles levam coroas de flores ao Monumento Nacional (que é um Memorial dos Mortos).

Fui lá para participar deste momento, tão marcante na vida deste país.

 

Às 20:00 tocam os sinos e é realizado 2 minutos de silêncio para relembrar as vítimas das guerras.

Neste momento o olho encheu de água. Muitos holandeses choraram... Grande parte deles tem algum familiar ou conhecido que vivenciou esta terrível guerra. Durante estes 2 minutos, não se ouvia nada... nem uma tosse sequer. Uma grande demonstração de respeito.

E todo dia 05 de Maio é comemorado o Bevrijdingsdag (Dia da Libertação), celebrando o fim da ocupação nazista aqui na Holanda, durante a II Guerra Mundial. Neste dia acontecem vários festivais, em diversos lugares do país, para celebrar a liberdade.

Este é um momento de lembrança e celebração bastante importante para este país. Passando pelas ruas, vê-se a bandeira da Holanda em muitas casas e edifícios, colocadas ali especialmente para esta celebração.

2014, um ano marcante!

E neste primeiro post do ano, uma retrospectiva de momentos e sentimentos vividos em 2014. Um ano marcante, sem dúvida!

Começamos o ano em um país novo... com temperatura, cultura, hábitos alimentares, idioma, jeito de ser das pessoas, enfim... tantas coisas tão diferentes do que estávamos acostumados. Não foi fácil se adaptar assim de repente a tudo, é claro. Mas acima de qualquer dificuldade, estava a realização de um sonho... e isso nos deu muita força! Principalmente para superar a pior parte: a saudade do convívio com os familiares e amigos.

Saudade que também foi amenizada pela visita de muitos familiares e amigos. Foi muito bom conviver tão de pertinho por alguns dias com pessoas tão especiais!

Agenda de visitas 2014 em vermelho.

E passamos pelo nosso primeiro inverno! Para a nossa sorte, o inverno do ano passado não foi assim tão frio (praticamente não fez temperatura negativa e não nevou) e isso ajudou bastante! 

Em 2014 pudemos vivenciar alguns eventos importantes para os holandeses, como o Koninsdag (Dia do Rei) - antigo Koninginnedag (Dia da Rainha). Foi lindo ver esta cidade toda laranja!

 

Compramos nossas bicicletas, mas ainda preciso praticar muito para ter mais segurança ao andar. Pois é, há muitos anos (mesmo!) que eu não andava de bicicleta. Não esqueci como se anda... mas toda vez que ando, parece que vou cair a qualquer momento. Preciso praticar mais este ano! E a Luna adorou andar na cestinha com o pai!!

 

E assim foi, com muitas dificuldades, muitas novidades, muitas descobertas, um pouco de medo, tomada de algumas decisões, muitas alegrias, algumas decepções e tristezas... enfim, foi mesmo um ano marcante. E o saldo?! Com certeza positivo! 

 

Tão positivo que resolvemos sair do aluguel e "ficar sócio" do banco aqui para comprar o nosso novo lar doce lar! Em Novembro concluímos o processo de financiamento com o banco e estamos arrumando algumas coisinhas antes de mudar. Encontramos o nosso "mestre de obras" por aqui, que está ajudando bastante! :)

Em 2014 pudemos desfrutar da primeira primavera e verão, tão esperados pelos holandeses. A temperatura não é muito alta como no Brasil, apenas em alguns dias (e este verão foi um dos mais quentes dos últimos anos). Conheci uma Amsterdam ainda mais linda e florida!

 

 

Se tem algo que me incomoda por aqui?! Tem sim, duas coisas. 

Uma é o tradicional "almoço" holandês. Durante a semana ok, mas nos finais de semana em que as vezes você está na rua e fala: Vamos parar em algum lugar para almoçar?! Aí você lembra que por aqui, no horário do almoço os restaurantes estão normalmente fechados. Apenas se encontra opções que oferecem sanduíches, saladas e sopas (o tradicional almoço holandês).  Praticamente não existe opção para aquele dia que você quer uma comidinha gostosa! Mesmo restaurante italiano, português  japonês... todos eles só abrem depois das 17:00 (talvez lá no centro da cidade se encontre alguma opção para os turistas, mas não devem ser bons e não rola ir quando se está de carro).

A outra é não falar o idioma local. Ok, todo mundo fala inglês por aqui. Para visitar a cidade por alguns dias ou até semanas, tudo bem. Mas para viver, não dá. Todas as correspondências que você recebe em casa, os canais de TV locais, os rótulos com informações da maioria dos produtos que você compra no mercado, os websites de serviços locais.. é tudo em holandês!

E não poderia esquecer de mencionar que em 2014 nasceu este blog, que tento manter e registrar com todo o carinho um pouco das minhas descobertas e histórias por aqui. Neste novo país, que ganhou meu coração.

E aí está a janela que inspirou o blog.

  

 Ah, Feliz 2015 para todos! 

Deixo aqui o meu maior desejo para este ano: